Vapor próximo à ponte rodoferroviária

A navegação do Rio Grande

O início de tudo.

O início da navegação

No século XIX o meio de transporte na região de Lavras era basicamente feito de tração animal. Em 1850 algumas autoridades lavrenses como o agente executivo Dr. José Jorge da Silva Penna e Com. José Esteves de Andrade Botelho, levantaram estudos minuciosos para um percurso de navegação no Rio Grande, iniciando este na barra do ribeirão Vermelho (ribeirão este que desaguava no Rio Grande).

Após a proposta ser aceita pelo Governo da Província de Minas, esta veio a ser concretizada no final do ano de 1880 concedendo ao Dr. José Jorge da Silva Penna a exploração da navegação do Rio Grande por cinco anos, trecho este iniciando-se na barra do ribeirão Vermelho até Capetinga numa extensão de 208 Km rio abaixo.

O barco a vapor com material vindo dos Estados Unidos, foi montado à margem esquerda do Rio Grande e recebeu o nome de Dr. Jorge em homenagem ilustre à Dr. Jorge da Silva Penna, falecido aos 69 anos em 05 de fevereiro de 1880, um ano antes do movimento regular da navegação em fevereiro de 1881.

Com este constante movimento da navegação, originou-se a formação de um pequeno arraial que recebeu o nome de “O Porto Alegre”, primeiro nome da cidade de Ribeirão Vermelho.

A chegada da Cia. EFOM

A Cia. Estrada de Ferro Oeste de Minas preocupada com o estabelecimento e crescimento da navegação, viu vantagens que a empresa poderia obter nesta exploração no Rio Grande. Assim, em 1886, ela se estabelece no arraial do Porto Alegre e enfim, em 1889 a navegação fluvial passaria em definitivo sob a administração daquela Companhia. A mesma iniciou-se em 1890 com 2 vapores com rodas na popa e 6 pranchões, material este, totalmente de aço.

Procurando aperfeiçoar e regularizar os serviços, a Cia. EFOM mandou logo construir estações fluviais em lugares mais apropriados e as seguintes embarcações:

-cinco vapores de n.º 1 a 5, com capacidade para 28 passageiros em 14 camarotes e 2.000 quilos de bagagem, animais e mercadorias;

- uma lancha a gasolina de n.º 1, com capacidade para 5 passageiros e bagagem;

- uma lancha a gasolina de n.º 2, com capacidade para 8 passageiros e bagagem;

- dois batelões de n.º 3 e 4, com capacidade para 30 toneladas de mercadorias cada um;

- cinco batelões de n.º 5 a 9, com capacidade para 60 toneladas de mercadorias cada um e quatro batelões de n.º 10 a 13, com capacidade para 45 toneladas de mercadorias cada um, além de diversas chatas e saveiros, aos quais desciam impelidos pela correnteza e rebocados na subida.

O fim da navegação

Durante toda sua existência, a navegação teve praticamente todos seus serviços administrados à Cia Estrada de Ferro Oeste de Minas. Em 1931 a navegação foi arrendada pela Cia. Coutinho & Filhos, do município de Capetinga, tendo este, escritório central em Ribeirão Vermelho. Até 1933 o movimento de passageiros e mercadorias era considerável, mas, com a expansão da ferrovia, ocorreu um declínio total nos serviços. Em fevereiro de 1945 ocorreu a última tentativa de manutenção da navegação pela Cia. de Navegação Fluvial do Rio Grande Ltda. No início da década de 50, já sob comando da RMV (Rede Mineira de Viação) a navegação se destinava somente para busca de lenha próximo à Ribeirão Vermelho para abastecimento das locomotivas a vapor. E foi nesta época que chega-se o fim da navegação, onde os vapores são ancorados e com o tempo afundam para um fim de uma era.

Fonte: Acervo do Museu Bi Moreira, UFLA – Lavras/MG

Márcio Salviano Vilela - Sobre Trilhos - 1998 / A Formação Histórica dos Campos de Sant'Ana das Lavras do Funil - 2002 / Ementários da História de Ribeirão Vermelho - 2003

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Alessandro de Castro Alonso