Principal edificação erigida pela empreiteira Brazilian Contracts Corporation no Complexo Ferroviário, as instalações da Rotunda de Ribeirão Vermelho foram construídas entre 1895 e 1897, sendo destinadas a servir de depósito e instalações de manutenção do parque de tração da E.F.Oeste de Minas, podendo abrigar simultaneamente até 30 locomotivas em bitola métrica e de 0,76m. Com projeto e técnica de construção superiores aos da edificação homônima de São João del-Rei, a rotunda de Ribeirão Vermelho possuía colunas e esquadrias inteiramente em metal procedente da Escócia, e telhas importadas das famosas cerâmicas de Saint-Henri, Marseille, na França. Contava ainda com valas de manutenção para emprego dos setores de mecânica e manutenção leve, iluminação a eletricidade e um engenhoso sistema de captação e drenagem de água, usando as colunas de ferro fundido para captar a água da chuva e lançá-la em duas galerias de pedra em cantaria, que deságuam no Rio Grande. As locomotivas e vagões, por sua vez, eram manobrados até um girador metálico movido à força humana, através do qual os veículos poderiam ser levados até uma das trinta linhas existentes no interior da edificação.
Apesar das inúmeras enchentes e da transferência das atividades da ferrovia para as antigas oficinas de Lavras e o novo complexo ferroviário de Prudente (posteriormente Engº Bhering), a rotunda permaneceu como principal depósito de locomotivas da Estrada mesmo com sua desativação, sendo empregada como garagem de máquinas desativadas até 1985, quando foram desmontadas em seu interior as últimas locomotivas elétricas Metropolitan-Vickers da RMV. Muitas das locomotivas a vapor originárias do depósito de Ribeirão Vermelho podem ser vistas em diversas localidades ainda hoje, destacando-se máquinas presentes no Museu Ferroviário de São João del-Rei, a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Minas Gerais, na capital mineira, nas operações da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) e em praças e alamedas de vários municípios brasileiros.
Já no limiar do século XXI, a rotunda de Ribeirão Vermelho consolidou-se como principal cartão-postal do município, destacando-se na paisagem do Complexo Ferroviário aos olhos de moradores e visitantes. Mesmo com a implacável ação do tempo e da natureza, a edificação permaneceu com relativa integridade estrutural até os anos 2010, quando o desabamento parcial de uma das tesouras do teto motivou ações emergenciais para impedir que toda a centenária cobertura do prédio viesse abaixo. No começo da década de 2021, a Administração Municipal deu início à ambiciosa empreitada de restauração total da rotunda – num minucioso trabalho articulado com profissionais do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), visando à devolução das características originais da histórica estrutura, a qual, uma vez concluída, atestará como monumento á memória e a história das gerações de trabalhadores e trabalhadoras que compuseram a classe ferroviária de Ribeirão Vermelho.
Fonte: Márcio Salviano Vilela - Sobre Trilhos - 1998 / Ementários da História de Ribeirão Vermelho - 2003 / Marcelo Teodoro de Oliveira / João Marcos de Souza Pinheiro