O conjunto arquitetônico que constituía as Oficinas da Estrada de Ferro Oeste de Minas em Ribeirão Vermelho cujas atividades operacionais iniciaram-se em março de 1896,  também datam de 1895, sendo supervisor da obra, Antônio Rodrigues de Oliveira Castro que dirigiu com proficiência os trabalhos, tendo as suas ordens, grande número de homens, na maioria espanhóis. As oficinas montadas pela Brasilian Contracts Corporation possuíam as formas utilizadas nas construções industriais da época, variando apenas seus interiores. Eram construções com pés direitos altos, sendo empregado em suas coberturas, além de estruturas metálicas importadas de Glasgow na Escócia, as telhas francesas importadas de Marseille na França. As oficinas de Ribeirão Vermelho eram divididas em vários setores, destacando-se: calderaria, fundição de ferro-bronze, ferraria, marcenaria, carpintaria, tinturaria, etc., chegando a empregar em seu apogeu algo em torno de 800 trabalhadores ferroviários. Em suas instalações eram feitas reformas, reparos e montagens de carros e locomotivas, sendo muitas peças de reposição fabricadas pelos próprios técnicos e operários, assim como as montagens de carcaças de madeira em peroba e cedro para o esqueleto, estrado e revestimentos laterais dos carros que eram preparados sobre as estruturas de ferro vindas do exterior. No setor de fundição, eram forjadas rodas para locomotivas e outros veículos, recebendo equipamentos de acordo com as necessidades e a diversificação do transporte. Na década de 10, as oficinas de Ribeirão Vermelho haviam sido melhoradas com a instalação de um grande torno de rodas, dois tornos menores, uma plaina horizontal, uma máquina de furar radial, de grande potência e um aparelho de soldagem oxi acetileno. A oficina que era movida a vapor, nesta ocasião, foi substituída por um motor elétrico, em função da construção da linha de transmissão de força de Lavras a Ribeirão Vermelho, numa extensão de 10 km. Para se ajuizar das possibilidades dos serviços nesta oficina, figura como exemplo a construção da Locomotiva 55 Tipo Consolidation para a bitola 0,76 m, construída nesta oficina por operários nacionais e que prestavam tão bons serviços quanto às importadas, tendo custado 82:457$000 (oitenta e dois contos, quatrocentos e cinqüenta e sete mil réis), cerca da metade do que custaria uma do mesmo tipo, adquirida no estrangeiro (MUCIO JANSEN VAZ, 1922 ). Em 1935, após o arrendamento da Oeste de Minas pelo Governo do Estado de Minas, a Rede Mineira de Viação, pensou em centralizar as fundições da ferrovia, e com isso o setor de fundição de Ribeirão Vermelho foi desativado, transferindo todo seu equipamento para as oficinas de Divinópolis. Na década de 50, com a transformação do sistema de transporte, algumas locomotivas a vapor passaram a sofrer adaptações para funcionar a óleo, sendo a primeira experiência adquirida em Ribeirão Vermelho realizada em 1951, em uma locomotiva Consolidation N.º 430. Já em 1958, a tração a vapor começou a ceder lugar as elétricas e diesel, sendo que em 1975, era extinta totalmente do país, com exceção das empregadas no turismo. Porém, com essas transformações as oficinas de Ribeirão Vermelho passaram a ser designadas como depósitos, sendo que no ano de 1968 foi confirmada a sua desativação, passando seu acervo para o distrito de Engenheiro Bhering, no município de Lavras.

As oficinas representam para os ribeirenses a instrução, a disciplina, o ofício e a profissão, a dignidade e a honra do trabalhador ferroviário, a princípio, fruto da mão de obra proletária farta de uma nação em transformação que empregava os operários ainda crianças, entre 9 e 12 anos de idade, lotados em uma escola prática de aprendizes para a formação de mão-de-obra especializada onde se ministravam aulas de desenho, geometria e aritmética, entre outras matérias, correspondente aos vários setores e departamentos operacionais.

Fonte: Márcio Salviano Vilela - Sobre Trilhos - 1998 / Ementários da História de Ribeirão Vermelho - 2003

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Alessandro de Castro Alonso